quarta-feira, dezembro 2

o silêncio do meu ficar

Mata-me sentir-te tão perto de mim. Envolves-me num olhar sedutor que só nós sentimos o que ele quer dizer, só nós sabemos o quão os teus lábios me comovem. Comecei a gostar de ti sem saber antes que o pequeno espaço em que estávamos, queria juntar-nos ainda mais. Sem saber antes que, depois de meses longe do que iríamos sentir, o tempo planeou tudo para nós. Cegas-me o coração da forma mais visível e mais romântica que possas imaginar, libertas-me da maneira mais explosiva que possas saber. 
É inexplicável. É irresistível. É estúpido querermos-nos assim tanto até quando nenhum de nós se queria. Matas-me na quantidade perfeita que o meu corpo reage ao teu. Matas-me sem saberes como me matar quando os lençóis planeiam a nossa união. Matas-me sem saber eu porquê e muito menos tu. Já te disse que te quero, hoje? Já te disse que depois de vários corpos deitados a meu lado, o teu é o meu preferido? Matas-me e não me mates mais. Só daqui a um segundo, por favor.
Volta para mal dos pecados do mundo e para bem dos meus. Volta mesmo que toda a gente coloque barreiras no caminho para casa, mas volta. A tua casa sou eu. A nossa casa é cada canto do mundo onde possamos partilhar os mais apetecíveis momentos, juntos. Onde possamos deitar ao mar as infinitas verdades e promessas que fazemos quando o ponteiro bate a hora da despedida. Encontrei-te sem te procurar - há quem diga que assim faz mais sentido, quando duas pessoas se juntam em silêncio - e encontrei em mim o mais simples motivo de criar o meu nada em tudo. 
O nosso segredo é este: fazermos soar o nosso peito da intensidade do nosso querer, fazer escorregar as nossas mãos nas curvas mais puras que temos em nós próprios. Vejo no teu olhar a razão do meu ficar. Vejo em ti o silêncio doloroso da minha voz a chamar-te, e estavas tão longe sem saber eu que eras tu, sem saber eu que o tempo me fizesse dar-te a mão. O silêncio mata-nos de prazer. Os teus dedos fazem do meu corpo um piano. A tua boca desliza em mim como o vazar da maré. Deixa que a tua vida me toque num tempo infinito. Procura em mim a permanência dos teus olhos fechados enquanto provas o sabor do nosso amor. Fica comigo, deixa-me morar em ti.

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