A minha eternidade move-me nas ruas que vou percorrendo. A minha eternidade é a mais parva ideia de que serei eterna onde passei. Eterna aos olhos de quem me viu passar, de quem me viu inalar as maiores mágoas e sorrisos que já ali se arrastaram. Eterna nas mãos de quem já me segurou e guardou, de quem me lançou aos mares que me afogaram anteriormente.
Sei que o eterno está dentro de mim, porque quando ouso pensar que tudo termina, tudo recomeça. E recomeça sempre. Até ao ultimo grito que darei no ultimo caminho que percorro. Sou feita de palavras e construo palavras feitas de mim. Sou as palavras que me custaram engolir e as que devorei de uma só vez. Sou tudo aquilo que se torna eterno nos meus braços. Sou as pessoas que passaram por mim e que levaram consigo um fio de cabelo meu no ombro. Sou as pessoas que foram e que não voltaram. E sou aquelas que pegaram em mim e me levaram eternamente nelas.
Tenho em mim todas as certezas do mundo, até quando não as tiver. Todas as pedras até quando não houver construção possível. Sou uma mistura de incertezas quando a minha maior certeza é ir. Apenas ir. Incerta, ou não. Mas ir.
Ensinaram-me a ir sempre. E quando se vai, pode-se não voltar. Aí serei uma mistura de certezas quando a minha maior incerteza será voltar. Voltar é a maior prova de não saber apenas ir. E eu continuo a ir, ao encontro da eternidade do que eu sou.
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