No meio de palavras absurdas que muitas vezes escrevi - para quem quer que fosse ou mesmo para ninguém - percebi que algumas tinham um lugar especial no meu coração. Mesmo que não chegassem aos olhos de alguém. Sei que quem escreve tem algo de diferente dentro de si. Sei também que quem escreve não pretende alcançar a perfeição no conjunto de palavras que constrói, mas sim a leveza de si mesmo. E isso eu sinto com toda a força dentro de mim. As minhas palavras são o espelho de tudo o que eu já passei e não passei. De tudo o que vi e não vi. As minhas palavras não são o espelho de quem quer voltar ou de quem quero de volta. As minhas palavras são o espelho de todos aqueles que apenas foram. Ou de todos aqueles que apenas ficaram. Nunca as usarei para trazerem de volta os meus sentimentos. Mas sim para serem o espelho do que eu sinto, ou não, no momento em que as escrevo.
Nunca quis despedaçar corações, nunca quis que ninguém mudasse por completo por mim, nem pelas palavras que escrevia e escrevo. Não tenho o intuito de que alguém sinta o que sinto, ou o que as minhas palavras transmitem, mas que esse alguém saiba que não é o único a senti-lo. Sinto apenas que ainda existem pessoas que se escondem do amor, do arrependimento, da angústia. Que fogem do passado, de quem as magoou, de quem quis ir embora, ou de quem sentem saudades. E eu escrevo para essas pessoas. Escrevo também para mim, que muitas vezes jogo às escondidas comigo mesma e que muitas vezes sinto medo de me encontrar. E de descobrir os meus sentimentos. Estou em luta constante comigo mesma. Admito que muitas vezes tenho medo de usar certas palavras, ou mesmo de escrever o que sinto. Mas a verdade é que nem sempre escrevo o que sinto ou o que quero, escrevo sim sobre o que os outros sentem e querem. Já tive medo das minhas próprias palavras, de tão fortes e verdadeiras que eram. Como também já senti medo das que não sabia escrever, por não ter talvez a coragem de as engolir.
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