Saí de casa e procurei por uma razão que me fizesse ficar. Soltei os meus cabelos ao vento e derramei as lágrimas mais amargas que alguma vez deitei. Procurei por ti. Procurei pela razão que me fizesse correr para os teus braços e encontrar um abrigo. Não quis. Não me apeteceu. Não valia a pena.
Saí de casa com as malas mais vazias, saí de coração e mente vazios, saí com as mãos e pés atados. Sem destino, apenas fui. Percorri os caminhos mais sombrios e procurei pela tua sombra, a que hoje me assusta na escuridão das noites, onde me deito e penso para onde foi todo o amor que eu alguma vez senti por ti. Tranquei a porta e perdi a chave. Apeteceu-me apenas atirar-me à aventura de encontrar alguma coisa que talvez nem exista. Apeteceu-me mergulhar no destino mais profundo e mais longínquo, apeteceu-me apenas esquecer-me e esquecer os lugares onde deixei pedaços da minha vida. Quis naquela noite sentar-me num banco debaixo das estrelas e perguntar-me várias vezes se o céu será o meu chão dali para a frente, se o céu me levará para os caminhos que eu procuro e não encontro e, sobretudo, se me encontrará quando eu me perder de mim mesma.
Todas as vezes que eu contei as estrelas, alguma desaparecia e sempre que conto as vezes que podia ter mudado de caminho, foge-me a única razão que talvez não o fizesse. Tu. Hoje és o motivo mais estúpido de eu ter acordado na cama mais desconfortável e perceber que ninguém morre de amor e que eu não me podia habituar ao que tem de ser completamente verdadeiro. Vivemos num mundo onde amar é rotina, mas uma rotina cansativa, onde as pessoas fazem-no por favor, porque sim, porque faz parte.
Eu fazia-o porque era a coisa que mais me fazia sentido naquela altura, o que mais me fazia viver e sentir viva. Mas esqueci-me de relembrar ao meu coração que o amor não se pede. E eu pedi-o tantas vezes que decidi parar de o procurar em ti. Nunca mais o encontrei e por isso voltei a casa. Com a certeza de que única razão que me fará ficar, sou eu mesma. Com a certeza de que a tua sombra nunca mais irá aparecer nas noites mais escuras e nos dias mais vazios. Encontrei-me porque te perdi.
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