sábado, janeiro 6

o meu romantismo mete-me nojo

Do que é que eu serei mais feita para além disto que sou? Pergunto-me várias vezes e ele responde-me várias vezes que sou feita do amor que sinto, dos leves pensamentos que passam por mim, do tempo que eu tento apanhar, dos sorrisos que ficam tatuados nas paredes do mundo. Eu não agarro nada, tudo passa com uma leveza simbólica, eu vou deixando ficar ou deixando ir. Não me importo, não quero saber mais do que não agarrei mas do que irei agarrar quando eu quiser. 
Ele diz que transbordo amores, e que os amores que eu amei farão parte da minha leveza. Eu amei. Eu fiz. Eu disse. Eu fui. É importante que acredite no que fui capaz de fazer e no que sou com base nisso. Vesti-me tantas vezes de nostalgias e dancei ao sabor do tempo. É mágico. É bom viver e reviver o que passou e o que continua a passar. Nada me obriga a fazer as malas de passados em cinzas, ao invés deixá-los ir com calma. Com a mesma calma que eles vieram quando ficaram tão presentes. É o segredo, acreditar. Acreditar que tudo tem a sua leveza e a sua simplicidade. 
Ele diz que é por tudo isto que às vezes deixa de doer. Não é. Ser leve não me faz deixar de sentir o que aperta, o que corta, o que tira o ar. Ser leve faz-me sentir tudo com a certeza de que passa. Se o tempo não congela quando nos levantamos, não pode congelar quando caímos. Se o tempo não congela quando sentimos amor, não pode congelar quando esse amor quiser abandonar o meu peito. O meu romantismo mete-me nojo. Mas dá-me certezas. Dá-me paz. Faz-me acreditar.

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