Procuras-me cá fora e aqui estou eu, de livro na mão e de cigarro na outra, deitada na cama de rede. Ao meu ouvido sussurras-me que a tua vida tem de ser feita sempre disto, de mim e da tua visão perfeita de quando me encontras. Abraças-me e ao mesmo tempo convences-me, no meio de gargalhadas matinais, que o teu olhar é fotográfico e que tens em ti todas as minhas fotografias de simples momentos que te fazem apaixonar. Como este. Enquanto te afastas, percorro atentamente com o meu olhar as linhas do teu corpo. És perfeito no meio de toda a tua imperfeição. Sobes as escadas da piscina, olhas-me como se já não soubesses que te observo. Mergulhas. A vida podia ser feita apenas disto, de nós os dois e deste amor. Mas não é. A vida é muito mais e o amor não pode ser só isto. Não é. Podia explicar-te que todas as tuas viagens deixam-me vazia por dentro, que todos os teus sorrisos deixam-me saudade e que os teus abraços aquecem-me a alma. Podia sentar-me nas tuas pernas e explicar-te tudo isto, ao invés vou amar-te mais um pouco no meu silêncio e observar-te todos os dias quando acordo ao teu lado. E o amor não é só isto, é enorme e nós ainda somos tão pequeninos dentro dele. As gôtas de água escorregam por todo o teu corpo. Arrepio-me. Fechas o livro que finjo ler, colocas-me nos teus braços e levas-me. Fazes-me acreditar que isto será eterno. Sinto a tua respiração a percorrer o meu corpo, olhas-me nos olhos, agarras-me no cabelo e decides amar-me. Existem momentos que podiam durar para sempre e este é um deles. Um dia que tudo isto termine, um dia que sejamos maiores que o nosso amor, quero que saibas que ninguém se pode minizar para caber seja onde for, mas o amor existe por mais pequeno que seja.
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