Vou-me embora.
E não quero que sintas qualquer saudade. Nem de mim, nem de nós. Antes de ir, passarei pelo banco do jardim que nos levou tão longe no tempo mas que agora, esse mesmo tempo, acabou com o nosso amor. Vou-me embora para não ter que passar entre as ruas que nos pertenceram, entre as escadas que fizeram subir o tanto que havia em nós. Já não serei mais tua, nem tu meu. Já não seremos mais um do outro. E não quero que sintas qualquer saudade. É difícil mentalizar-me que nunca mais te vou ver, pelo menos enquanto souber o teu nome. Quero que saibas que foste o melhor de mim e que todos estes dias ao teu lado serão flores levadas pelo vento.
E se o vento tiver a força do nosso amor, irá trazer tudo de volta, um dia, quando nos esquecermos que em tempos nos pertencemos. Quando não houver mais recordações. Quando a vida nos deixar recomeçar. Espero ver-te quando já me tiver esquecido de ti, quando não tiver nenhuma memória de cada traço do teu rosto, de cada curva do teu corpo, de cada cheiro da tua pele. Espero ver-te num tempo infinito onde não haverá amor, para podermo-nos amar novamente quando ninguém souber de nós. Vou-me embora e não quero que sintas qualquer saudade. Não vais ouvir falar de mim, não vais procurar-me mais. E se o fizeres, recorda-te que o que é verdadeiro volta sempre. Se a vida nos juntou, se houve algo que nos ligasse quando nos conhecemos, certamente que quando nos virmos novamente haverá vontades, desejos, haverá amor.
Vou-me embora porque já nada me prende aqui, nem tu. Vou-me embora porque obrigaste o tempo a levar tudo o que era nosso. E eu vou com ele. Amigos disseram que nunca iríamos resultar, desconhecidos disseram que tínhamos algo especial. Nós dissemos um ao outro que nos amávamos. E digo-te que amar-te foi cansativo, foi desgastante. Amar-te foi percorrer o mundo sozinha, porque tu ficaste para trás. Amei-te por inteiro e será por inteiro que te recordarás de mim. Nunca gostei de metades.
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